Maria da Fé da Silva Viana (Fezinha) e a pastoral metodista
CULTURAEDUCAÇÃO
Maria da Fé (Fezinha) no Segundo Encontro Nacional do Movimento Negro Evangélico / Reprodução Arquivo do MNE / 2023
Fezinha é atuante e uma das refêrencias no Movimento Negro Evangélico e dedica sua vida à luta por um mundo mais justo e igualitário atravéz da teologia negra. Sua trajetória, marcada por inúmeras conquistas e desafios superados, reflete seu compromisso com a educação, os direitos humanos e a igualdade racial. Sua atuação como professora, militante, teóloga e avó carinhosa inspira todos que têm o privilégio de conhecer sua história. Fezinha continua a impactar positivamente sua comunidade e além, deixando um legado de amor, coragem e resistência.
Filha de Florêncio Ramos da Silva e Maria Lapa e Silva, ambos já falecidos, Maria da Fé tem um irmão mais velho, o Professor José Ramos da Silva. De tradição católica, Maria da Fé e sua família converteram-se ao Metodismo. Aos 21 anos, casou-se e teve três filhos. Maria da Fé é mãe e avó afetuosa, e é grata a Deus por sua abençoada família.
Fezinha estudou corte e costura dos 15 aos 17 anos, trabalhando nessa área por muitos anos. Posteriormente, passou a vender bolos, doces e salgados. Aos 30 anos, começou a trabalhar na Escola Estadual José do Patrocínio, em 1980, e se envolveu com o Grupo de União e Consciência Negra, participando de reuniões noturnas na escola. No mesmo ano, tornou-se membro da Igreja Metodista em Fonte Carioca, por Profissão de Fé e Assunção de Votos, e foi eleita Conselheira de Juvenis.
Em 1983, começou a frequentar o ISER e o CEDI, percebendo a necessidade de estudar mais para compreender melhor as pessoas que conhecia. Nesta caminhada, surgiu a Comissão de Combate ao Racismo na Igreja Metodista, com a qual colabora até os dias de hoje.
Pedagoga pelo Instituto de Educação de São João, formou-se em 1995, aos 50 anos, e foi capa do Calendário de Beleza Negra da Vozes, o que a tornou conhecida. Em 1999, fez um curso de Saúde Integral em Belo Horizonte e foi nomeada Referência Nacional no Combate ao Racismo, posição que ocupou por sete anos.
Em 2000, candidatou-se a vereadora por São João. No ano seguinte, representou a Igreja Metodista em um projeto governamental para os Direitos Humanos, ganhando o prêmio dos Direitos Humanos na categoria livre em 2001.
Teóloga pela Faculdade de Teologia no Centro Universitário Bennett em 2002, foi convidada a falar no México sobre a violência contra as mulheres no Brasil, ao lado de outras mulheres da América Latina. Após se formar, aposentou-se e dedicou-se exclusivamente à militância em várias formas: pastoral, Fórum de Mulheres Negras Cristãs, Conselho de Igualdade Racial e na Igreja, somando esforços na Pastoral da Terceira Idade.
Sua trajetória tem registros em diversos livros e periódicos, como "Pérola Negra" por Vera Roberto, "Mulheres Negras na Primeira Pessoa" por Jurema Werneck, Nilza Iraci e Simone Cruz, "Narrativas da Experiência Negra" organizado por Maria Gilda Alves de Oliveira, e "As Marcas de Fezinha" de Edwilsom Andrade, um livro infantil sobre sua vida.