Reverendo Antônio Olímpio de Santana: Um pastor ativista do Movimento Negro
CULTURAEDUCAÇÃO
"Entre as escolhas que eu fiz na minha vida, ser pastor foi a mais feliz de todas"
Reverendo Antônio Olímpio de Santana
Antônio Olímpio de Santana herdou sua fé da sua mãe, e aos 13 anos foi recomendado pelo seu pastor para ir ao Concílio Regional Metodista, a sua vocação e amor ao pastorado era perceptível. Em 1963 ele conclui o bacharelado em Teologia, com um TCC intitulado “Bases Bíblicas e Teológicas da Responsabilidade Social da Igreja”.
Em 1973 ele cria com outras irmãs e irmãos negros metodistas, de maneira informal, a Comissão Nacional de Combate ao Racismo, que lutaram durante 12 anos para a sua oficialização dentro da Igreja Metodista do Brasil, que se tornou depois a Pastoral Nacional de Combate ao Racismo.
Na década de 1980, ele escreve no PLANO PARA VIDA E MISSÃO, importante documento para a denominação metodista, e faz questionamentos históricos como: “Nós, participantes da comunidade negra, cristãos ou não, que lutamos diariamente pelos nossos direitos há séculos negados[...] podemos confiar e encontrar apoio na igreja metodista e no seu plano? E no caso específico da igreja metodista, nós, da comunidade negra, contamos com a sua participação efetiva: incentivando a presença participativa de seus membros nos movimentos populares. E no caso específico dos negros metodistas, orientando-os a militarem nos diferentes movimentos negros existentes por toda a América Latina.”
Em 1985, ele como Secretário Geral de Ação Social da Igreja Metodista no Brasil, convoca o Primeiro Encontro Nacional do Negro Metodista, que até hoje foi o maior encontro de negros evangélicos promovido oficialmente por uma denominação protestante no Brasil, que contou com grandes nomes do movimento negro brasileiro como Lélia Lélia Gonzalez, Benedita da Silva, e o professor Hélio Santos. Esse evento histórico, ajudou a fundar uma das maiores organizações negras ecumênicas do país, em 1986, foi fundada a Comissão Ecumênica Nacional de Combate ao Racismo (CENACORA), que desempenhou um papel fundamental na luta por uma igreja antirracista nesse país.
"Minha religião é Metodista, mas a minha espiritualidade é negra. Antes de ser metodista e cristão, sou negro.” - Reverendo Antônio Olímpio de Santana
Em 2001, o Olímpio teve uma participação histórica na elaboração do documento oficial brasileiro para a Conferência da ONU contra o Racismo, em Durban, África do Sul. Em 2020, o primeiro encontro nacional do Movimento Negro Evangélico homenageou o pastor metodista, reconhecendo sua importância para a luta contra o racismo dentro da igreja brasileira, que na ocasião fez uma fala de encorajamento para as pessoas negras que estavam ali presentes dizendo: "A igreja só pode entender os seus erros quando pessoas como vocês (do movimento negro evangélico) lutam contra o racismo, e com coragem tornam esse combate público, quer dizer, não adianta nada você ser um excelente militante fora da igreja, a gente tem que ser um militante dentro da igreja".
Em julho de 2021, aos 84 anos, o reverendo Antonio Olímpio de Santana fez a sua passagem e deixou um enorme legado para a igreja protestante brasileiro e o movimento negro.
Fontes:
Arquivo Institucional do Movimento Negro Evangélico
https://www.geledes.org.br/morre-o-reverendo-antonio-olimpio-de-santana/